segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Crítica por Ricardo Schopke do espetáculo "Mororó e a Vaquinha" no 8° FENATIFS

Mororó e a Vaquinha

A simplicidade que diz com mais verdade o ato cênico

19 de outubro de 2015

O espetáculo “Mororó e a Vaquinha” de Simão Cunha – Cia Mororó de Teatro -, oriundo da Paraíba, foi uma das grandes surpresas positivas do 8o FENATIFS. Espetáculo em fase de crescimento, apresentado como uma contação de história mais refinada, tem o conteúdo, e o tempo, de uma peça teatral, mas um formato bem mais simplificado e distanciado de um espetáculo em sua totalidade. Entretanto, o grande mérito do mesmo é justamente o de partir da simplicidade para poder contar esta encantadora história, bem brasileira. Inspirados na sabedoria das lendas indígenas e na cultura popular nordestina, Mororó ou pata de vaca é uma árvore do Cariri do Brasil, mas na história de Simão, Mororó se personifica no índio Cariri que tem uma vaquinha de patas mágicas, chamada Tutuia. Mororó e Tutuia conhecem Antônio Manoel Martins, um homem branco que lhes propõe uma mudança em suas vidas.
Mororó e a Vaquinha
“Mororó e a Vaquinha” tem cenário simples, e objetos que são revelados e resignificados
Mororó 3
Um dos grandes destaques é a delicadeza e a poesia com que Simão Cunha nos conta a história
O “espetáculo” é recheado de lirismo, delicadeza, e nos transporta para uma viagem no tempo, para conhecermos a lenda que deu origem ao nome da “árvore pata de vaca”. Fazendo-se valer do canto, de sensível música mecânica e de uma singela cenografia e adereços; Simão consegue nos entreter e nos emocionar ao contar essa bonita história com muito carinho, simpatia e pureza. Cercado por uma trama de colonizadores, e de colonizados, e de viagens marítimas entre continentes. O ponto alto do “espetáculo” é a magia em que os objetos vão sendo revelados – de dentro de malas, detrás do biombo -, e vão sendo transformados e resignificados, ora como outros objetos e ora como pessoas. Outro ponto interessante do projeto é o diálogo que Simão continua a manter com a Cia do Abração/PR. Cia esta que a foi responsável pelo seu desenvolvimento, e crescimento, como ator e artista. Toda a construção da sua cena e da sua atuação poderia facilmente ter a assinatura desta Cia. Com o seu primeiro trabalho “Mororó e a Vaquinha”, Simão Cunha terá ainda muito tempo para amadurecer a sua estética cênica, e encontrar assim uma nova identidade para a sua Mororó Cia de Teatro.
fonte: http://almanaquevirtual.uol.com.br/mororo-e-a-vaquinha/